sexta-feira, 5 de março de 2010

"O humanismo franciscano"


Surgiu um homem enviado por Deus, seu nome Francisco de Assis, das Chagas e de muitos. Dentre os homens simples que mereceram a honra dos altares ninguém foi maior na história do cristianismo do que o menor de todos, Francisco de Assis.

 De família rica, fez-se pobre para enriquecer aqueles que eram pobres de tudo. Não há nisso alguma semelhança com o próprio Jesus que se fez pobre de sua divindade para nos enriquecer com a sua presença. Assim, como Jesus se encarnou na nossa natureza, esvaziando-se de si mesmo e da sua condição divina, para nos comunicar o amor de Deus a nós, Francisco também encarnou Jesus em sua vida, e esvaziou-se de tudo o que possuía e era.

Dentre tantos no contexto da época, Deus quis chamar e contar com um jovem que antes de fazer a experiência pessoal com Jesus, tinha outros sonhos, depois desse encontro só sonhava os sonhos do Evangelho de Jesus. Francisco de Assis, um simples homem a quem a vida tinha dado tanta sabedoria, e tanto amor pela vida e pelos irmãos sempre aconselhou a receita do amor, como único meio eficaz para a cura diante de tantas feridas causadas pela falta de amor. Diante dos irmãos mais complicados, recomendava sempre o amor a eles. Dizia sempre, quase que com a mesma autoridade de Jesus sobre os discípulos, aos seus irmãos menores; "se uma mãe se preocupa e cuida de seu filho de suas entranhas, com quanto maior razão deverão amar-se aos irmãos que nasceram do mesmo espírito, cuidando uns dos outros com carinho."

Seguindo Francisco como filhos de um mesmo pai, os irmãos devem reverenciar-se e honrar-se mutuamente e sem murmuração. Nas relações interpessoais de uma comunidade, a atitude primeira e fundamental é o respeito, e Francisco entendeu e viveu profundamente essa dimensão.

Francisco coloca de novo e sempre Cristo no centro da sua vida e do seu pensamento, da sua ação e de sua pregação. Característica singular da teologia franciscana é o cristocentrismo, ou seja, a pessoa de Cristo no centro, Ele é o fundamento, a opção fundamental da nossa vida. 

A espiritualidade franciscana, ou o seu humanismo contempla profundamente e convida a contemplar os mistérios da humanidade de Jesus, o homem do caminho, de modo particular o mistério da encarnação, em que Deus se fez menino, e se entregou nas nossas mãos. Um mistério que suscita sentimentos humanos de amor e de gratidão para com a bondade divina e a criação, eis a grande lição de Francisco. 

Por um lado a natividade, ponto central do amor de Jesus pela humanidade, por outro lado, a dimensão da cruz que inspira em Francisco pensamentos de reconhecimento para com Deus e de estima pela dignidade da pessoa humana, de modo que todos, crentes e não-crentes, possam encontrar no rucificado e na sua imagem um significado que enriquece e nos faz amar mais a vida.

Jesus só foi divino porque viveu em tudo a condição humana, do mesmo modo devemos ter Francisco como um homem santo porque também durante sua vida foi simplesmente humano. Não qualquer humano, mas um humano apaixonado por Jesus, a tal ponto de ser considerado sua viva memória. 
por: Elias Arrais.